Guidelines

for implementing UDL practices in the inclusive virtual classroom

Introdução

Introdução

A Pandemia da COVID-19

Em dezembro de 2019, autoridades chinesas detectaram os primeiros casos humanos de infecção por um novo coronavírus, chamado SARS-CoV-2, na cidade de Wuhan. Em 30 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto como um Problema de Saúde Pública de Interesse Internacional e, seis semanas depois, reconheceu-o como uma pandemia. Desde então, todos os países foram afetados pelo vírus, com graves consequências para todas as áreas da sociedade (por exemplo, comércio, indústria, viagens). Neste documento, abordamos as consequências para a educação.

Em março de 2020, devido à disseminação do vírus SARS-CoV-2 em todo o mundo, muitos países declararam bloqueios temporários para proteger a população. A partir desse momento, mais de 180 países fecharam suas escolas, e no auge da pandemia, mais de 85% dos estudantes escolares do mundo estavam fora da escola (Banco Mundial, 2020).

O fechamento das escolas teve um forte impacto na vida de todos os estudantes, mas os estudantes com necessidades educacionais especiais e deficiências (SEND) foram particularmente afetados pelos bloqueios e pela subsequente transferência do processo educacional para a educação online (OECD, 2020). Na verdade, a educação à distância muitas vezes excluiu crianças e jovens com deficiências, impedindo o acesso às pessoas de apoio, alterando suas rotinas e ensino individualizado, com graves consequências para sua saúde mental (Uldry & Leenknecht, 2021).

Projeto SUCCESS

“Projeto SUCESSO – Apoiando o sucesso para todos – Princípios de Design Universal no Aprendizado Digital para estudantes com deficiências” – tem como objetivo apoiar professores e cuidadores que trabalham com estudantes durante períodos de isolamento, quando ferramentas digitais e o ensino à distância são as únicas opções disponíveis para assistir às aulas e interagir com colegas. O consórcio do projeto SUCESSO é composto por seis instituições: centros de pesquisa, universidades e uma ONG, representando cinco países europeus (Grécia, Itália, Lituânia, Polônia, Portugal). O consórcio é fortalecido por seus parceiros associados: universidades na Espanha, a associação pan-europeia GÉANT e escolas. O projeto visa fornecer diretrizes e um curso online com ritmo próprio baseado nos princípios do Design Universal para Aprendizado, bem como uma plataforma de e-learning e um centro de networking que podem apoiar o trabalho de professores e cuidadores sempre que necessário.

A organização dos sistemas de apoio na Europa

Os sistemas educacionais europeus, considerando que a segregação de crianças com Necessidades Educacionais Especiais (SEND, sigla em inglês) está associada à falta de oportunidades de aprendizado, têm caminhado de um sistema de educação baseado em segregação para um sistema de educação inclusiva (Conselho da Europa, 2017). Os dados mais recentes coletados e analisados pela Agência Europeia de Necessidades Especiais e Educação Inclusiva (Relatório Cross-Country de 2018, 2020) mostram que a porcentagem de estudantes com uma decisão oficial de Necessidades Educacionais Especiais no conjunto de dados internacional tem uma média de 4,75% no ensino fundamental e médio (variando de 1,02% na Suécia a 25,12% na Escócia) e 2,41% no ensino médio (variando de 0,61% na Alemanha a 23,25% na Escócia). Mais importante ainda, o conjunto de dados mostra que 97,83% dos estudantes matriculados em ambientes educacionais formais (ensino fundamental e médio) frequentam aulas regulares pelo menos 80% do tempo (variando de 80,72% na Bélgica Flamenga a 99,95% na Itália). Os níveis de ensino médio seguem a mesma tendência, com 96,88% dos estudantes matriculados em ambientes educacionais formais frequentando aulas regulares pelo menos 80% do tempo.

Esses números mostram que os países europeus estão seguindo a abordagem de educação inclusiva com duas vertentes, proposta pelo Banco Mundial (Banco Mundial, 2020), que envolve dois princípios básicos:

1. Os sistemas educacionais devem garantir que os programas de educação regular sejam projetados para TODOS os alunos.

2. Os sistemas educacionais devem desenvolver apoio direcionado para atender às necessidades específicas das crianças com deficiências.

Essa abordagem de duas vertentes está de acordo com os modelos de sistemas de suporte multiníveis (MTSS), uma abordagem que muda o foco de uma questão de colocação (onde os alunos devem ser ensinados?) para um problema de equidade (como os suportes e serviços podem ser usados para atender às necessidades de cada aluno?). Ou, em outra perspectiva, não mais “qual é o problema deste aluno” e sim “quais são as habilidades deste aluno e como nós, educadores, podemos apoiar sua aprendizagem” (Sailor et al., 2018). Os modelos MTSS mais comuns são organizados em três níveis: um nível universal, destinado a TODOS os alunos; e dois níveis de suporte dedicados aos estudantes que, mesmo com uma oferta universal de alta qualidade, exigem recursos adicionais ou atenção individualizada (Santos et al., 2021).

Metas e escopo destas Diretrizes

As diretrizes apresentadas neste documento são um produto do Projeto SUCCESS e sua existência é devida às necessidades evidenciadas durante a pandemia de COVID-19. De fato, é amplamente reconhecido que a transferência do processo educacional para plataformas online foi problemática para todos os estudantes, mas especialmente para os estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) devido a: (1) barreiras para o uso de tecnologia; (2) acesso reduzido a suportes educacionais e intervenções de aprendizado individualizadas e (3) perda de conexões sociais (Sharma & May, 2020).

Portanto, não é possível evitar a “insuficiência intrínseca” (Instituto Rodrigo Mendes, 2020) da educação a distância para estudantes com NEE. Essas diretrizes pretendem fornecer um conjunto de instruções e sugestões para aumentar a qualidade da educação online para estudantes com NEE, reconhecendo que, em uma situação de bloqueio, é a melhor opção disponível.

Um aspecto importante, objeto de atenção em muitos relatórios internacionais e documentos de posição, abordado por medidas políticas em muitos países, é o acesso aos recursos tecnológicos necessários para prosseguir com a educação online (por exemplo, laptops, tablets, conexão com a internet). Essas diretrizes não abordarão esse problema e assumirão a existência das condições básicas para a educação online: um dispositivo, como um laptop ou tablet, uma conexão com a internet, uma câmera, para participar de aulas online, tirar fotos ou gravar vídeos, e uma conexão telefônica. Alguns estudantes, devido à sua deficiência, também precisarão de tecnologia assistiva para interagir com o computador. Esse é um aspecto importante, mas que não será abordado aqui. Nosso foco será no planejamento pedagógico e na criação de recursos para um processo de educação online inclusiva, assumindo a existência das condições básicas mencionadas acima.

Uma questão fundamental na implementação da educação online para estudantes com necessidades de apoio adicionais é o reconhecimento de que, em muitos casos, o relacionamento pedagógico exigirá a participação de um proxy, alguém que possa auxiliar os estudantes presencialmente. Esse proxy, geralmente um dos pais, um irmão ou outro cuidador, é um elemento importante na equipe, embora não treinado e frequentemente despreparado para fazê-lo. Portanto, também forneceremos diretrizes para desenvolver uma equipe pedagógica que incorpore pais e cuidadores na prestação de educação a distância.

As diretrizes serão estruturadas em duas partes, considerando a abordagem de dupla via (Banco Mundial) e os sistemas de suporte multiníveis (MTSS): primeiro, forneceremos diretrizes para implementar práticas educacionais na sala de aula virtual inclusiva, seguindo o framework do Design Universal para a Aprendizagem, e, em uma segunda parte, apresentaremos orientações para fornecer suportes individualizados em um ambiente online.

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